O QUE É O MOVIMENTO CATÓLICO INDEPENDENTE?

E o Movimento Sacramental Independente? Quem participa e como funciona?

O Movimento Católico Independente faz parte de um movimento ainda maior, o Sacramental Independente.
Mas vamos por partes: o que é o movimento Sacramental Independente? Bom, à medida que as tecnologias da informação avançaram, e com elas a democratização do conhecimento, começaram a surgir questionamentos cada vez mais contundentes contra as instituições "tradicionais" e suas visões de mundo. Isso aconteceu na política, na família, na sexualidade, na mídia... e na religião. Grupos de intelectuais dentro das instituições religiosas começaram a questionar coisas que antes não eram questionadas – ou eram de forma muito discreta, sob o risco de que quem fazia o questionamento ser qualificado como “herético e cismático” pela instituição. A medida que houve espaço para propor os questionamentos de forma mais aberta e com liberdade de opinião e expressão, começaram a surgir os impulsos de independência nesses pensadores que começaram a fundar novas comunidades.
Assim, o Movimento Sacramental Independente está ativo em todo o mundo, e fazem parte dele: católicos ocidentais e orientais (dissidentes da ICAR), ortodoxos (dissidentes do Patriarcado Ecumênico), protestantes das mais diversas instituições - desde as mais históricas como os luteranos, calvinistas, presbiterianos, batistas, etc - até os grupos mais recentes, como os neopentecostais.
Podemos resumir da seguinte maneira: o Movimento sacramental independente surge com os líderes espirituais e fiéis leigos que, inconformados com as muitas mudanças - ou falta delas - resolveram sair dessas igrejas "consolidadas" e começar algo de novo, de acordo com a própria visão do que deveriam ser as coisas dentro da sua denominação.
O Movimento Católico Independente é um grupo desse Movimento maior, que já nos referimos. Nós nos identificamos como católicos, estamos organizados na maioria das vezes em pequenas comunidades e reivindicamos sucessão apostólica (como podemos provar em nossa "Genealogia Episcopal") e celebração de sacramentos válidos.
É importante lembrar que Jesus Cristo não fundou nenhuma diocese em particular. A Igreja de Roma é tardia em relação à de Jerusalém, a comunidade organizada pelos discípulos do Senhor após sua Ascensão.
Assim, nós nos apresentamos como uma comunidade católica, episcopal (estamos reunidos ao entorno de bispos que foram consagrados validamente, através de várias linhas de sucessão apostólica) e independentes de qualquer instituição exterior a nós mesmos. Não somos e nem representamos o catolicismo romano, oriental, ortodoxo ou anglicano, embora muitas vezes nos apropriemos de suas estruturas organizacionais, teologias e práticas litúrgicas, sem preconceitos.
Somos católicos independentes então, porque: estamos alinhados às disposições da Tradição Católica, e somos independentes das Igrejas Católicas históricas.
Por que eu me tornaria um adepto do Movimento Católico Independente? A maioria dos que se aproximam das igrejas católicas independentes o fazem por não terem sido recebidos em sua integralidade pelas igrejas históricas. Isso porque:
Possuem gênero sexual que não as possibilitam o ministério ordenado. Exemplo: mulheres não podem ser ordenadas diaconisas, presbíteras ou episcopesas... pelo simples fato de terem nascido em corpos femininos;
Possuem identidade e expressão de gênero que são alvos de preconceito nas igrejas históricas: são travestis, transgêneros, transexuais, queer de qualquer espectro, cuja características inatas "desagradam" o conservadorismo institucional dessas igrejas;
Possuem vocação para o ministério ordenado (diaconia, presbiterado e episcopado) mas são pessoas casadas, com filhos e com compromissos seculares (no mundo);
Possuem vocação para o ministério ordenado, mas são indivíduos homossexuais convictos, e sabem que não podem (nem devem) ir contra essa sua característica inata;
Qualquer outro desalinho em matéria de moral que alguém pode ter em relação a essas igrejas “maiores”, e cujo incômodo faz com que procurem comunidades alternativas.